terça-feira, 15 de maio de 2012

Maria no Evangelho de São Mateus


          Estamos iniciando o mês de Maio, mês significativo, mês mariano, dedicado a Maria, Mãe de Jesus. Celebremos também em maio o dia das Mães. A nossa paróquia no decorrer deste ano de 2012 está oferecendo à possibilidade de aprofundarmo-nos na intimidade com a Palavra de Deus, através do Curso Bíblico. O conteúdo que está sendo trabalhado são os Evangelhos, iniciemos pelo Evangelho segundo São Mateus.
              Mês mariano! Mês das mães! Curso Bíblico! Evangelho de São Mateus! Todos estes temas serão abordados neste pequeno artigo. Como? Iremos dar um voo sobre o Evangelho de Mateus, e perceber as principais referências à Maria, e assim, salientar a relevância da sua abertura ao projeto de Deus.
              É fundamental termos como chave de leitura, os textos do evangelho de Mateus em que Maria é mencionada, tudo é centrado em torno da pessoa de José e não de Maria. Maria aparece como a esposa de José. Ela não fala. Não diz uma só palavra. É José que faz com que Jesus seja filho de Davi, capaz de realizar as promessas. Como esposa de José e Mãe de Jesus, Maria participa no destino de Jesus.  Os textos são: Mt 1,1-17; Mt 1,18-25; Mt 2,1-12; Mt 2,13-23 Mt 13,55; Mt 27, 5.
              1° - Mateus 1,1-17: A genealogia de Jesus termina com esta frase: “José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo”. José é a raiz histórica e cultural de Jesus. Jesus está situado na história de Israel desde Abraão, Davi, até José. Como percebemos, Mateus utiliza em sua genealogia o protagonismo de cinco mulheres, Tamar (1,3), Raab (1,5), Rute (1,5), Betsabéia (1,6), e por fim Maria.
Deus faz sua História na contramão da história, utiliza-se do lixo humano para manifestar sua justiça, seu amor. As quatro primeiras mulheres citadas na genealogia (Tamar, Raab, Rute, Betsabéia) questionam os padrões de comportamento impostos pela sociedade patriarcal. No entanto, foram essas suas iniciativas pouco convencionais que deram continuidade à linhagem de Jesus e trouxeram a salvação de Deus para todo o povo. Foi através delas que Deus realizou seu plano e enviou o Messias prometido. Realmente, o jeito de agir de Deus surpreende e faz pensar! No fim, o leitor ou a leitora fica com a pergunta: “E Maria? Por que ela fica ao lado dessas quatro companheiras? Existe alguma irregularidade nela? Qual é?” A resposta a esta pergunta é dada em Mt 1,18-25.
              2° - Mateus 1,18-25: O aviso a José: "José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa". A gravidez de Maria acontece antes da convivência com José. Esta gravidez ocorre não por desvio humano, mas por vontade divina, pela força do Espírito Santo. O próprio Deus burlou as leis de pureza para que o Messias pudesse nascer no meio de nós!
              Se José tivesse agido conforme as exigências das leis da época, deveria ter denunciado Maria e ela poderia ser apedrejada. Mas José, por ser justo, não obedeceu às exigências das leis de pureza. Sua justiça era maior e levou-o a defender a vida tanto de Maria como de Jesus.  Por isso, devemos ficar atentos à vontade de Deus para acolhê-la mesmo quando nos pede aquilo que não esperamos.
              3° - Mateus 2,1-12: Os Magos do Oriente buscam Jesus observando os sinais da natureza, a estrela. “Ao entrar na casa, viram o menino com Maria sua mãe”. A mãe do rei tem um papel preponderantemente como nos canta o salmista: “Filhas de reis vêm ao teu encontro, de pé à tua direita está à rainha ornada com ouro de Ofir” (Sl 45,10). A esperança do Messias permanece “até que a mãe dê a luz” (Mq 5,2). Sendo assim, é relevante sabermos reconhecer a presença da salvação num menino recém nascido com sua mãe.
              4° - Mateus 2,13-23: A Fuga para o Egito: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe!". “O menino e sua mãe” é uma formula que aparece várias vezes nesta perícope, e tem a finalidade de destacar o comprometimento de Maria  em fazer a vontade de Deus. Um projeto não pode ser abandonado.
              Mateus nos apresenta Maria que acolhe a Palavra de Deus, que diz sim ao seu projeto de amor. Maria, mulher dá Palavra. Maria discípula missionária. Maria fiel. Maria, a mulher da discrição, foi fiel a sua vocação no silêncio e no ordinário de sua vida. 

 Rodrigo J. da Silva